“Procuro dizer o que sinto, sem pensar em que o sinto. Procuro encostar as palavras à ideia e não precisar dum corredor do pensamento para as palavras. Nem sempre consigo sentir o que sei que devo sentir. O meu pensamento só muito devagar atravessa o rio a nado, porque lhe pesa o fato que os homens o fizeram usar. Procuro despir-me do que aprendi, procuro esquecer-me do modo de lembrar que me ensinaram, e raspar a tinta com que me pintaram os sentidos, desencaixotar as minhas emoções verdadeiras, desembrulhar-me e ser eu, não Alberto Caeiro, mas um animal humano que a Natureza produziu”.
Aberto Caeiro