domingo, 1 de abril de 2012

Shoegaze [AGDL]

Shoegaze, Shoegazing ou Shoegazer como também é chamado, é uma definição para a Estética de um estilo de Rock Alternativo que "surgiu" no sul da Inglaterra no final dos anos 80. Foi o jornal "New Musical Express" e a revista "Melody Maker" responsáveis por tal definição.
Diz-se que o álbum emblemático, o divisor de águas foi o primeiro da banda My Bloody Valentine - "Isn't it Anything", lançado em 1988 pela Creation Records. Segundo os críticos o mesmo "definiu", ou "inaugurou" essa estética sonoro-artística, embora seja cada vez mais disputada a afirmação de quem a "criou". Hoje ainda há uma sucessão caracterizada pela inclusão de outras vertentes sonoras, tais como: o pop, o eletrônico, o metal, o rock clássico, o noise mostrando a mutabilidade que essa estética  vem sofrendo nessas décadas.
A estética shoegaze faz uso de uma postura cênica onde os artistas “shoegazers” se apresentam de forma descentrada (platéia-público, numa espécie de “kênosis artística”), numa experiência de contato mediático com o público através de uma espécie de “consubstanciação-sonoro-comunitária" (transcendendo a hipnose).  Há um deslocamento da usual compreensão e experiência catártica causada em shows, em espetáculos artísticos (banda-público, relacionada à atitude egocentrada dos típicos "rockstars").
Os artistas nessas performances ficam boa parte do tempo olhando para baixo, devido a utilização, a experimentação de inúmeros pedais; devido a proposta de interiorização – como uma espécie de oração íntima de reverência, de interseção sonora partilhada e vivenciada com o público; também podendo ser compreendida em sentido literal "olhando para os sapatos”, associada a timidez; ou de forma pejorativa, associada a depressão, a apatia, ao descaso.
A sonoridade é repleta de distorção, de psicodelia, cheia de efeitos, reverbs, delays, de guitarras barulhentas, de poderosas camadas sonoras chapadas, onde numa instrumentação, orquestração "tradicional", não seria considerada harmônica, na realidade essa estética é filha do caos "pós-moderno", complementada por vocais joviais contidos, sussurrados, etéreos, necessitando do público uma atenção maior, uma audição mais atenta.
 A sonoridade shoegaze emerge do mais profundo, do mais íntimo, do humano (podendo nessa experiência comunitária causar uma experiência com o Belo), revelando e captando, numa dialética espiritual, sensações subjetivas conectadas com a orientação profunda da platéia (público-platéia) numa consubstancial experiência de alteridade estética.

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