sexta-feira, 29 de julho de 2011

Ensaio para a loucura


Masturbação, Café e Teologia” apresenta o fotógrafo mineiro Gui Mohallen no seu ensaio intitulado: “Ensaio para a Loucura” (Rehearsal to Madness). Nesta série de fotos e relatos poderemos observar um pouco do comportamento do ser humano contemporâneo expresso no olhar dos fotografados e no olhar do fotógrafo. Na realidade houve um acordo entre ambos. Nesse acordo vemos que o fotógrafo a “olho nu” edita o que há de mais íntimo nessas pessoas: o memorial de/em vida das mesmas. Também vemos a intimidade, a “nudez”, a fragilidade do fotografado nessa experiência.
Numa espécie de êxodo ambos saem de si mesmos e vão ao encontro do outro desconhecido. Nesse encontro Gui Mohallem propositalmente retira a lente de sua câmera e se apropria dos textos.
No blog Fotoclube f/508, afirma o fotógrafo:
O pinhole me aproxima do fotografado de várias maneiras. Ao mesmo tempo que se eliminam aberrações cromáticas e distorções pelas lentes, o elemento surpresa também ajuda muito. A impressão que tenho é que as pessoas não esperam que sua imagem seja realmente captada por aquele furinho no alumínio. Parece uma câmera cega, inofensiva”.
Neste “memorial digital”, nesse “êxodo” emergem o passado, o presente e o desejo de algo que os conduzirá para o futuro. Relaciono esse desejo ao movimento das fotos, onde os fotografados “dançam” de forma circular, como numa “ciranda”, que em seu significado rudimentar pode ser relacionada a essa “dança digital” e traduzida por uma vida mais abundante, onde outrora essa dança representava a esperança de uma pesca farta, de uma mesa farta.

Gui Mohallem

Tem 32 anos de idade,
é natural de Itajubá, MG.
Graduado em Cinema pela ECA-USP,
especializou-se em fotografia e
cinematografia. Foi educador em
institutos de formação profissional
para jovens de periferia. Em 2008,
fez sua primeira exposição individual
em Nova York, na galeria Rabbithole
Studio, com o “Ensaio Para a Loucura".


“I have no friends.
This whole friend thing is bullshit.
It’s all about interest.
The less you expect from people
the less disappointments you’re gonna have.
Take my word.”
“I love my lover’s scent.
He could go for days without a
 bath and I wouldn’t mind.
Actually I feel kinda sad 
when he showers.”
“What makes me void is the way he
used to admire me this is what I lost.
This is what I really miss.”
“I am so scared of his rejection
that I never ask him anything
this way I can imagine
that if I had only asked…
maybe.”
“Passei a vida toda 
querendo uma aprovação 
dele esperando ele  
dizer um eu te amo. 
Acho que agora finalmente entendi 
que isso não vai acontecer nunca.”
“I don’t have time for a relationship.
work already takes so much of me...
friends keep setting me up with people
but that's why I quit trying
it won't work out anyway.”
“There were two main places:
legs and head (though on the
head it hurted way more).
When I recall it. I can only be glad
it's been long since it last happened.”
“Eu era uma criança muito triste.
Quando cresci, aprendi a racionalizar
as coisas e pintei várias camadas
sobre a tristeza, mas ela
ainda está lá, subterrânea…”
“Eles nunca conversaram comigo sobre
essas coisas. Eu tava viajando quando
eles decidiram separar,tava longe quando 
minha mãe foi morar com outra mulher. 
Todo mundo age como se estivesse tudo
 bem,quer dizer… Tá tudo bem…
Tá tudo bem…”
Quando eu era pequeno minha tia
 me levava para esses rituais. 
Eu ficava  no centro de um círculo 
de velas, as mulheres me olhando 
cantavam coisas  que
eu não entendia. 
Tenho medo delas terem feito algo 
comigo, algo que  carrego  até  hoje.”
“A gente transou uma vez. 
Ele foi tão doce, tão… 
Mas não sei o que aconteceu, 
depois ele  começou a me evitar. 
Acho que ele não sabe lidar 
com os  sentimentos. 
Mas eu sei que ele me ama.
Ah, ele me ama.”
“Eu tava fazendo 
umas besteiras e eles ficaram com 
medo que eu me machucasse. 
Foi por isso que me 
trancaram naquele lugar.”
“O que eu mais odeio de trabalhar
com arte é que eu
só crio quando estou muito mal,
ou muito louca.”
“Às vezes me descolo de mim e passo
 dias como se não fosse eu. 
Aí venho aqui olhar as
 pessoas. Eu olho, olho até 
sentir que capturei suas essências
ou o que decidi ser suas essências. 
É o único jeito de voltar a mim.”
“I went to court cause I burned 
down a real state agency.
I broke the window with a brick. 
Poured some petrol inside, lit up the fire 
and walked away. It felt good. 
It felt really good.
I remember when I got home I dreamt
I killed a snake… and I had 
always been afraid of snakes.”
"After you left I met a boy who looked 
just like you. We became friends. 
My friend died two weeks ago.
The waves took him. I was so scared 
I would go down bit
 I didn’t. Now you are back. 
That's it: the planets
 must have aligned !”
“I don't believe in death. 
I can’t get my head around it.
No matter what they say, 
nobody is going to die.I just don’t 
believe in death as a possibility."
“I don’t understand why people 
insist on grief. Going to cemeteries, 
visiting graves…
 Why putting yourself into that 
kind of misery? Make believe 
they’re traveling. That’s what I do.”
“I’m so normal. Everything i
do is so normal,i think so much
before doing it… Even when i do
drugs or sleep with a stranger it
is very normal, you know, very
framed within the borders
of normality…”
“In my parent’s house we had all these
strict rules, like we were only allowed
to use 4 squares of toilet paper
each time. I obeyed them of course.
I wouldn’t lie if they asked.
A christian girl must not lie.”
"Whenever I am alone I have always
911 ready on my phone. You never
know who they are and
when they will attack you."
“The great thing about amnesia
is that you can start from scratch.
Your brain is like an empty hard
drive in a computer. At 16. I realized
amnesia was a lifetime opportunity…
to throw away the bits I didn’t like and
build a new self for me, someone I could
be more satisfied with…"  
“There is something inside of me that
wants to get out. I’m afraid if I let myself
go my life would be a mess..." 
http://www.guimohallem.com 

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